segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O lado bom da vida

Cuidado, spoilers! 



No sábado, eu terminei de ler O lado bom da vida de Matthew Quick. Recomendo muitíssimo! O livro é emocionante, envolvente e faz com que você queira terminar de ler pra finalmente saber o que resultou na ida de Pat ao "lugar ruim".

Ao acabar minha leitura, lá estava eu aos prantos. No dia seguinte, quis ir ao cinema para conferir a versão longa metragem baseada naquelas páginas tão boas que me fizeram companhia por alguns dias.

Jennifer Lawrence ganhou o Oscar de Melhor Atriz
Assim, não vou dizer que é um filme ruim (até porque mereceu indicação ao Oscar e o elenco brilhou nas telas), mas eu fiquei um pouco decepcionada com o roteiro. Quero dizer, é legal e tudo o mais, só que perdeu grande parte da emoção que senti quando li. Eles mudaram muita coisa, muita coisa mesmo! Então, quando estava na sala de cinema, ao menos fiquei esperando tocar Total eclipse of the heart da Bonnie Tyler no momento da apresentação de dança. Mas, na cena, eles preferiram fazer piada e tornar engraçada uma coisa que era pra ser bonita, repleta de sentimentos e feita com perfeição - porque no livro eles de fato dançam muito bem e nem tem competição nenhuma pra começo de conversa. Não tem aposta alguma também e nada daquela confusão desnecessária.

Eu sei que o filme sempre terá uma visão diferente e o livro sempre terá mais detalhes. E ainda tem todo aquele lance de usar a imaginação coisa e tal, mas convenhamos, não precisavam ter alterado tanto assim. O elenco é muito bom e a história desperta curiosidade. Ainda que a essência seja a mesma, o modo de contar foi outro e logo no início, por exemplo, Pat já sabe exatamente como ele e Nikki se separaram e o que ele fez para ficar um tempo numa instituição psiquiátrica. Detalhe, no livro ele ficou lá por anos (e não meses) e perdeu a memória do que havia acontecido. Basicamente, o desenrolar da história se dá através desse suspense.

Cheguei ao fim do meu desabafo!

Conclusão: tanto o filme quanto o livro são bons, cada um a sua maneira. Na dúvida, leia, veja e tire suas próprias conclusões.

O que é loucura?


O mais curioso da história é que ela mostra uma realidade de pessoas com distúrbios mentais. Variações de humor excessivas, uso de remédios, raivas descontroladas e brigas. No entanto, o mais interessante foi ver como essas pessoas podem controlar tudo isso com a vontade de melhorar.

Pat pensava que Nikki era a causa de ele buscar ser uma pessoa melhor. Perdeu todo o peso extra, leu diversos clássicos que sua ex passava para os alunos, praticava ser gentil ao invés de ter razão, passou a dar gorjetas maiores às garçonetes etc.

Mesmo assim, foi durante os ensaios de dança com Tiffany que ele realmente foi vendo que seu passado foi ficando para trás e que o fim da história estava se aproximando. Ou melhor, enxergando sua vida como um filme, ele pensava antes que o final feliz seria reconquistar sua Nikki, sendo que ele nem ao menos lembrava o que havia acontecido para que eles se separassem. Somente após recuperar sua memória e reconhecer o fim de uma fase, e o início de outra, tudo começou a fazer sentido.

Finalmente, Pat entendeu que sua amiga Tiffany era mais do que uma amiga, ela o entendia, eles eram compatíveis, se completavam. Os dois enfrentaram traumas, mas buscavam ver o lado bom das coisas, as formas das nuvens e como elas ficam iluminadas com a luz do sol. Mesmo num dia nublado, a esperança de uma brecha no céu permanece. Os dois sabem que por trás das nuvens tem a luz, tem algo que bom pronto pra preencher o que aparentemente está ruim.


Enquanto Pat estava no "lugar ruim", não tive como não comparar o Dr. Timbers com uma psicóloga que me atendeu por um curto período de tempo. Numa fase não muito boa da minha vida, fui fazer terapia com uma mulher que via problema em tudo. Eu, que no início estava deprimida, acabei por omitir pra ela tudo o que me acontecia de ruim, justamente porque ela queria ouvir o que não era bom. Assim como Pat, eu penso em ver o lado bom das coisas sem ficar num negativismo inútil que só trás sofrimento para todas as partes envolvidas. Dessa forma, só dizia pra ela as partes boas do que me acontecia durante a semana e isso me ajudou a não dar importância a tudo aquilo que me deixava triste.

Então eu me pergunto: o que é a loucura? 

Essa psicóloga, por exemplo, pensou que me conhecia e disse que eu tinha falta de umas substâncias no cérebro, e era isso que causava tendências depressivas. Muito bem, loucura pra mim é algo bem diferente do que um mero diagnóstico a ser resolvido com remédios. Moral da história, não tomei os remédios homeopáticos que ela passou porque eu não acredito nisso para resolver problemas, pelo contrário, saí da terapia sem dar explicação e aprendi a aceitar a vida do jeito que ela é e com todas as mudanças e ela traz. Não duvido de que a terapia ajude muita gente, tampouco sou contra o uso de remédios em diversos casos encontrados por aí. Mas, acho mesmo que o principal é enxergar antes de mais nada tudo o que nos acontece de bom, estabelecer um objetivo e correr atrás dele sem tempo para pensamentos negativos.

Até a próxima! :)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Como transformar um dia ruim num dia agradável?



Em algumas manhãs, acordamos mal-humorados sem nenhum motivo aparente. Em alguns momentos, pensamos ser mais fácil colocar a culpa dos nossos aborrecimentos em outras pessoas. Às vezes, simplesmente dizemos estar num dia ruim. (Um belo de um bad day como resultado de n razões, sendo que, em muitas vezes, nenhuma dessas razões são provenientes de nossa própria ação.)

Talvez o problema não esteja muito longe. Algumas pessoas podem ver a causa de suas angústias e escolhem não fazer nada para se sentirem melhor. Ou então elas nem sabem como mudar o que as aflige. Por mais que elas se sintam presas, ao menos deviam olhar para o alto. A rua sem saída não parecerá tão sufocante, pois, ao olhar para o céu, elas poderão encontrar quilômetros de liberdade.



Hoje, tudo indicava que eu fosse enfrentar um dia ruim. Perdi a hora. Logo eu que sou uma pessoa que ama chegar a tempo, estar em dia com as responsabilidades e seguir a rotina da forma como deve ser. Pois bem. Lá estava eu abrindo meus olhos e vendo toda aquela luz no meu quarto. Um pouco claro de mais para às 6 da manhã, não? Só que não eram 6 horas. Eram 9h45 e, de repente, me perguntei como isso pôde acontecer. Afinal, o despertador estava funcionando, a única coisa que parecia estar quebrada era eu mesma.

O dia anterior fez mais do que acabar com a minha bateria, fez com que eu entrasse em defeito mesmo. Liguei logo para minha mãe e perguntei por que ela não havia me chamado quando saiu para o trabalho. (Lá estava eu tentando me livrar da culpa). Ela me disse que não só havia me chamado, como também tínhamos conversado.

(O problema? Eu não me lembrava de nada disso.)

Como sempre, ela me ajudou dizendo que esse tipo de coisa é normal e que muita gente também perde a hora. (Eu já havia perdido a hora outras vezes, mas, veja bem, nunca havia perdido a memória que nem hoje!)

Em todo caso, me acalmei, respirei e fui pra faculdade mesmo assim. Assisti a aula do último tempo, que foi surpreendentemente boa, e parei de pensar no que aconteceu.

O resto do dia foi se resolvendo por si só. Verdade que tive que correr em algumas horas para chegar na aula de francês a tempo. Mas, no geral, o andamento do dia foi muito bom. Tudo o que fiz foi esquecer o que havia dado de errado. Por fim, eu me acalmei.

A dica que eu deixo é: sempre veja o que você pode fazer diante das circunstancias. Diversas coisas ao longo do dia podem não sair conforme o planejado. Como quando você sai de casa sem guarda-chuva e, na volta pra casa, cai o maior toró. A forma de voltar provavelmente mudará devido a esse imprevisto, mas é fundamental encarar o fato e descobrir como sair da situação da melhor forma possível.

A teoria da evolução de Charles Darwin é bem apropriada em momentos assim de estresse. Os que sobreviverão aos maus momentos que a vida traz (momentos bobos como esses ou situações realmente tensas e complicadas) são aqueles que se adaptam melhor às mudanças. Logo, não importa sua força, agilidade ou eloquência. Se não souber aproveitar as circunstâncias, terá dificuldade na sua sobrevivência diária.

Afinal, a cidade é uma selva. A vida é uma prova e cada dia é uma adaptação ao imprevisto. Os planos mudam, mas devemos permanecer perspicazes.



O mau humor de quando acordei sumiu gradativamente. No fim do dia, ouvi minhas músicas favoritas, entrei de baixo do chuveiro e curti meu tempinho de relaxamento. Sabia que estava bem. Sabia que a culpa era minha de tantos problemas, de tantos descontentamentos, de tantos dias de mau humor. E percebi que de fato isso não era problema.

Para tantas situações, mesmo que possa parecer o fim de tudo, mesmo que você esteja triste e, por maior que seja o sofrimento, procure sempre essa sensação de estar livre. Ouça uma música diferente, converse com as pessoas sobre qualquer coisa, veja filmes bons. Deixe de lado os pensamentos opressores. Para que pensar sobre o que os outros pensam de você, por exemplo? Liberte-se.


Seja gentil com as pessoas, trate bem todo mundo, não fique reclamando demais. Quando se der conta, vai estar deitado em sua cama, ouvindo Evensong (Innocence Mission) sentindo que está tudo bem, sabendo que tem em quem confiar, sabendo que um novo dia virá. Mas trate de você mesmo fazer valer a pena essa caixinha de surpresas que o sol traz quando nasce.

"The day is over. And still so heavy on the mind..."

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Eu sei como você se sente?


Se colocar no lugar do outro é uma das tarefas mais difíceis que se têm. Quando você se identifica é uma coisa, mas e quando o outro passa por algo muito diferente de qualquer coisa que você já tenha vivenciado? Nesse caso, é bem mais complicado sentir o que chamam de empatia.

A Marta Medeiros escreveu sobre isso outro dia. Minha mãe, que sempre lê as colunas dela, veio logo me dizer que gostaria de ler um texto meu sobre esse assunto. Demorei um pouco para fazer esta vontade, mas aqui estou eu. Vamos lá.

Sempre achei que eu fosse bastante empática. Principalmente quando vejo filmes e sempre acabo me emocionando muito além da conta, justamente por me colocar no lugar dos personagens. Mas, na vida real, percebi que não sou tão empática com aquelas pessoas diferentes de mim. Tipo gente idosa que anda muito devagar na rua. Isso costumava de me irritar bastante, mas agora "estou praticando ser gentil em vez de ter razão", como diria Pat Peoples do Lado bom da Vida. E aí ficou claro que minha irritação não estava enxergando o lado dos idosos, de que seus músculos não são mais como antigamente e eles sentem suas pernas mais pesadas, então por esses e outros motivos, andam com dificuldade.

Esse foi apenas mais um dos motivos. Mas, e quando aquele motorista de ônibus segue em frente, ignorando você brutalmente, e coisas ruins a respeito dele começam a brotar em sua mente? Eu nem pensava, ao menos, se ele havia enfrentado alguma coisa triste, ou se simplesmente estava de mau humor porque seu time perdeu.

É difícil enxergar no outro emoções não pertencentes a você. Se pensar bem, verá que é melhor se identificar com situações brandas, e que são "aceitáveis". Conselhos que a gente costuma dar, mostrando a outra pessoa como nossos próprios problemas foram superados, por exemplo. Esse tipo de coisa faz com que a gente se sinta melhor, não só por ajudar o outro, mas também por pensar que somos vencedores.

Por mais que a empatia exista, uma coisa não há - sentir o que o outro sente. É possível imaginar o que outro está sentindo, mas a certeza não existe.

Gostaria de deixar claro que essas sensações são minhas e não estou dizendo que vocês pensam a mesma coisa. Seja como for, é um sentimento muito importante para o auto-conhecimento. Porque, a partir do momento que você se percebe no lugar de outra pessoa, acaba tirando conclusões a seu próprio respeito. Mais importante do que julgar os outros é reconhecer os próprios erros e saber em que precisa melhorar. Para isso, às vezes vale pensar sobre gente que nada tem a ver com você, mas que só por você sentir empatia, já consegue conhecer mais um pedacinho sobre si mesmo. Pedacinho este que até então andava escondido.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

"Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder." - Abraham Lincoln

Assisti, hoje, ao filme mais cotado a vencer o Oscar 2013. Lincoln.

Para falar a verdade, esperava mais. Mas, no geral, o filme é muito bom. O elenco é brilhante, a direção também foi muito boa, os diálogos são inteligentes, o figurino, a imagem do décimo sexto presidente dos Estados Unidos, tudo ficou impecável. A única coisa que não me agradou muito foram certas cenas um pouco paradas demais. Faltou ritmo, digamos assim.

De qualquer forma, ele emociona, e recomendo que, se vocês tiverem oportunidade, não deixem de assisti-lo.


Agora, vamos ao porquê desse texto.

Quando estava voltando para casa, parei para pensar se aqui no Brasil a gente teria um grande político a se orgulhar. Não precisavam ser muitos não. Ao menos um. E vi que foi bem difícil de escolher.

Aqui, o povo não tem essa coisa toda de sentir orgulho do país em que vive. É como isso que está acontecendo, Renan Calheiros presidente do Senado, José Genuíno deputado... Como sentir orgulho de viver num país em que acontece esse tipo de coisa? Mas depois, pensei que muita gente boa também passou por aqui. O problema é que elas não tiveram chance de se sobressair tanto quanto os outros.

Nós, brasileiros, deveríamos mudar nossa mentalidade de que política e corrupção são duas best friends inseparáveis. Deveríamos parar de tratar nosso país como um lugar a ser abandonado. Já cansei de ver gente reclamando e dizendo: "Eu não fico mais nesse país. Vou dar o fora daqui". Veja bem, amigo, se você pensa assim, então não é muito diferente daqueles de quem você tanto reclama. As pessoas bem que podiam se preocupar mais umas com as outras. Não é questão de desenvolvimento, não é questão de dar ao povo o que ele quer, não é questão de fazer mega eventos esportivos. O orgulho da nação não deve ser baseado em copas do mundo. A indignação com os erros não devem aparecer quando ocorrem tragédias, como a que teve em Santa Maria, ou então quando um prédio caiu no Centro do Rio por falta de manutenção, obras mal feitas, ou seja lá o que tenha sido. Seis meses depois ninguém mais comentava o caso.

Sempre vi muita sujeira na história brasileira. (Ok, nos outros países ocorreram guerras, injustiças, barbaridades e milhões de outras coisas piores - mas nada disso vem ao caso agora porque estou falando sobre o meu país e o que eu espero dele).

Queria escolher um grande feito no país. Alguma coisa realmente impressionante. Só consegui escolher o próprio povo. Seja o povo de Canudos, sejam os operários que fizeram greves, sejam as mulheres que lutaram por seus direitos, seja o povo que lutou contra a Ditadura, não importa, de uma forma ou de outra, foi o povo que me impressionou.


 

Foi muito bom terem feito um abaixo-assinado para a retirada de Renan Calheiros do posto em que ele se encontra. Assinei, é claro, feliz da vida, na esperança de que isso dê certo e que justiça seja feita.

O que eu espero é que nós, brasileiros, possamos nos orgulhar da nossa política. Veja bem, não estou dizendo todos os políticos sejam ruins, mas a bagunça deixada por alguns acaba ofuscando os acertos de outros. Tenho certeza de que muita gente boa já passou/passa pelo poder, já tentou/tenta fazer a diferença e já lutou/luta pelo bem do povo. Espero que mais gente assim apareça e não se perca no meio do dinheiro fácil, da roubalheira e do mau-caratismo. Uma frase de Lincoln me lembrou muito o que meu tio meu costuma dizer, que para conhecer verdadeiramente uma pessoa, você deve dar poder a ela.


Um professor de sociologia me mostrou que há esperança, minha mãe me ensinou o que é o respeito, minhas amigas me ensinaram o que é companheirismo, meu namorado me mostrou a importância de aceitar as diferenças. Quanto a mim, tenho fé de que o orgulho de ser brasileira não está no samba ou no futebol, e sim no que pode ser feito a partir de hoje. Porque, como já dizia Chico Buarque, amanhã há de ser outro dia. Este foi um grande músico, e apenas um dos tantos brasileiros a se orgulhar.



Até a próxima! ;)


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Look smart: watch french films ;) "my french film festival"



Iniciado em 17 de janeiro, o "my french film festival" vai até 17 de fevereiro, trazendo vários filmes franceses com legendas em diversos idiomas, inclusive o português.

Acabei de assistir "Parlez-moi de vous" (Fale de você) e gostei bastante. O filme é triste, mas não desse tipo de chorar. É triste de um modo bonito. 


Claire é apresentadora de um programa de rádio que vive - anonimamente - através do nome Mélina. Ela é famosa na França e quer que as coisas continuem do jeito que estão. Mas, por trás de todas as aparências, ela esconde um segredo. Sua mãe a abandonou quando ela ainda era pequena e, em busca de seu passado e de sua mãe, Claire vai atrás dela. 

O desenrolar da história mostra essa mulher de 40 anos a procura de respostas sobre ela mesma, sobre o que aconteceu com sua mãe, sobre como ela é, e se, de alguma forma, ela a ama apesar de tudo. Claire também enfrenta medos de grande parte das coisas rotineiras. (Relacionar-se com as pessoas também fazendo parte disso.)




Claire é excelente em seus conselhos no rádio, e as pessoas gostam bastante do que ela diz. 


No final das contas, parece que ela própria deverá seguir um conselho. E, assim, continuar sua vida, sem tantos segredos, sem tantos medos e com os riscos que a vida traz diante dessas coisas todas. 


O link do festival é este aqui: my french film festival. É necessário fazer um pequeno cadastro -ele é rapidinho! E então é só aproveitar para assistir aos filmes!


Aproveitem e até a próxima! :)