sexta-feira, 31 de julho de 2015

Mesmo Se Nada Der Certo, um dos filmes mais surpreendentes dos últimos anos




Provavelmente, você já viu filmes musicais. Com certeza, já viu muitos filmes que se passam em Nova York. O que você ainda não viu é um bom filme sobre a indústria fonográfica que mistura amor à música com os desprazeres e problemas dessa vida mundana, repleta de planos que dão errado, mas que também conta com alguns bem sucedidos. “Mesmo Se Nada Der Certo” (2014), roteirizado e dirigido por John Carney, é aquele filme que, à primeira vista, parece ser mais um clichê norte-americano. Seu elenco traz artistas de renome e a trilha sonora é de fato muito boa – Lost Stars até mesmo recebeu indicação ao Oscar 2015 de melhor canção original. Você então considera deixar de assisti-lo pela simples sensação de que já vira outras tantas produções exatamente iguais a essa. Na verdade, não o deixe de lado. Esse é um dos filmes mais surpreendentes –  no bom sentido – dos últimos tempos.


Keira Knightley e Mark Ruffalo interpretam os protagonistas que encantam o público ao longo dos 104 minutos dessa história. Ao se mudar para a Big Apple para morar com o namorado pop star, interpretado por Adam Levine, Gretta (Keira Knightley) tinha sonhos, energia e positividade. O relacionamento, contudo, não foi para frente e ela se viu sozinha em um lugar estranho. Nessas horas, fez o que boa parte das pessoas faria: buscou refúgio na casa de um dos seus melhores amigos. Numa noite, em um bar, ele a convida a tocar uma de suas músicas para a plateia. Dan (Mark Ruffalo), um produtor de música que naquele mesmo dia havia sido demitido, a ouve cantar e, como num passe de mágica, enxerga todo o potencial da desconhecida artista.

Os dois começam, então, a trabalharem juntos na produção de um CD com as músicas  compostas por Gretta. Sem grandes recursos, contam com a ajuda dos amigos e de artistas dispostos a fazerem boa música, gravando em tudo que é lugar de Manhattan. Dan não apenas resgata, pouco a pouco, seu profissionalismo, como também restabelece os laços com sua filha adolescente e sua ex-mulher, além de desenvolver um forte vínculo de amizade com Gretta.

Corações partidos, dramas adolescentes e paisagens nova-iorquinas. O filme traz tudo isso, mas vai muito além. Apresenta ainda as mudanças quanto à forma de se produzir e consumir música. Qual é o papel das grandes gravadoras no contexto atual, em que basta uma pessoa influente nas redes sociais para dar reconhecimento a um bom artista desconhecido? O que é preciso para alcançar o sucesso? E como superar os baques que a vida dá sem dispor de um botão de pause no display? Ora, mesmo se nada der certo, ainda podemos levar o momento adiante ouvindo uma boa música. Em alguma hora, a vida troca de disco e podemos começar tudo de novo.