Provavelmente, você já viu filmes
musicais. Com certeza, já viu muitos filmes que se passam em Nova York. O que
você ainda não viu é um bom filme sobre a indústria fonográfica que mistura
amor à música com os desprazeres e problemas dessa vida mundana, repleta de
planos que dão errado, mas que também conta com alguns bem sucedidos. “Mesmo Se
Nada Der Certo” (2014), roteirizado e dirigido por John Carney, é aquele filme
que, à primeira vista, parece ser mais um clichê norte-americano. Seu elenco
traz artistas de renome e a trilha sonora é de fato muito boa – Lost Stars até mesmo recebeu indicação
ao Oscar 2015 de melhor canção original. Você então considera deixar de
assisti-lo pela simples sensação de que já vira outras tantas produções
exatamente iguais a essa. Na verdade, não o deixe de lado. Esse é um dos filmes
mais surpreendentes – no bom sentido –
dos últimos tempos.
Keira Knightley e Mark Ruffalo interpretam os protagonistas que encantam o público ao longo dos 104 minutos dessa história. Ao se mudar para a Big Apple para morar com o namorado pop star, interpretado por Adam Levine, Gretta (Keira Knightley) tinha sonhos, energia e positividade. O relacionamento, contudo, não foi para frente e ela se viu sozinha em um lugar estranho. Nessas horas, fez o que boa parte das pessoas faria: buscou refúgio na casa de um dos seus melhores amigos. Numa noite, em um bar, ele a convida a tocar uma de suas músicas para a plateia. Dan (Mark Ruffalo), um produtor de música que naquele mesmo dia havia sido demitido, a ouve cantar e, como num passe de mágica, enxerga todo o potencial da desconhecida artista.
Os dois começam, então, a trabalharem juntos na produção de um CD com as músicas compostas por Gretta. Sem grandes recursos, contam com a ajuda dos amigos e de artistas dispostos a fazerem boa música, gravando em tudo que é lugar de Manhattan. Dan não apenas resgata, pouco a pouco, seu profissionalismo, como também restabelece os laços com sua filha adolescente e sua ex-mulher, além de desenvolver um forte vínculo de amizade com Gretta.
Corações partidos, dramas adolescentes e paisagens nova-iorquinas. O filme traz tudo isso, mas vai muito além. Apresenta ainda as mudanças quanto à forma de se produzir e consumir música. Qual é o papel das grandes gravadoras no contexto atual, em que basta uma pessoa influente nas redes sociais para dar reconhecimento a um bom artista desconhecido? O que é preciso para alcançar o sucesso? E como superar os baques que a vida dá sem dispor de um botão de pause no display? Ora, mesmo se nada der certo, ainda podemos levar o momento adiante ouvindo uma boa música. Em alguma hora, a vida troca de disco e podemos começar tudo de novo.