Conhecemos ela no jardim de infância. Essa
frase pode parecer clichê se você imaginar alguém brincando de pique esconde no
pátio. Mas o jardim em questão era aquela aula de aprender a escrever o próprio
nome, desenhar e dar comida pro tamagoshi que todos tinham nos anos 1990 –
quando íamos para lá fazer de tudo menos estudar. E como era divertido! Nunca
vamos nos esquecer: a música era “A nova loira do Tchan”.
Os professores, sempre pedindo silêncio,
deixavam claro que ela devia ser respeitada. Foi paixão à primeira vista.
Passamos algumas madrugadas em claro
estudando ao som de Britney e KLB. De lá, a brincadeira foi se tornando coisa
séria. E do corte e cola, fomos para a tabuada, da tabuada para frações, e de
frações para Bhaskara.
No vestibular, era um relacionamento sério
com a escola, mas parecia que a vida começava ali. Passamos os olhos por todas
as matérias da vida. Algumas várias vezes. Fizemos todos os exercícios
existentes de física. Zeramos algumas provas porque a conversa na aula tava
boa. Escolhemos profissões sem pesquisar se elas combinavam com nosso perfil.
Escrevemos juntos redações para o ENEM. Fizemos uma dúzia de amigos novos e,
junto com eles, ingressamos na faculdade. Sofremos com os veteranos, rimos com
os colegas da turma. Das dez coisas que mais me lembro, sete aconteceram na
escola em que estudei. As outras três aconteceram por causa dela.
Um dia, terminamos. E não foi fácil.
Choramos mais que no final de terceiro ano. Mais que no começo do jardim 1. Até
hoje, não tem um lugar que vamos em que alguém não diga, em algum momento: e
aí, já se formou? Parece que, pra sempre, ela vai fazer falta.
Essa semana, pela primeira vez, vi o filme
da festa de formatura —não por acaso uma história de amor. Achei que fosse chorar
tudo de novo. E o que me deu foi uma felicidade muito profunda de ter passado
por uma grande experiência na vida. E de ter essa fase documentada num filme —e
em tantos vídeos, fotos e conversas. Agora só falta seguir em frente. Tem muito
mais!