sábado, 19 de janeiro de 2013

Amour

Hoje assisti ao filme francês "Amour" no cinema. Foi o filme mais triste que já vi na vida. Posso dizer, com certeza, que jamais serei a mesma. Talvez eu já não fosse a mesma pessoa que pensava ser. Só sei que eu lembrei do passado. Da infância. Dos meus avós. E do quanto eu os amo e do quanto eles fazem  falta na minha vida. Enxerguei, na personagem Anne, os meus avós José e Léa.



Não chorei muito durante o filme, mas ao sair tive dificuldade para controlar o choro. As lágrimas escorriam pelo rosto freneticamente. Fiquei nervosa, senti meu coração bater rápido. Minha cabeça ficou zonza devido às mais diversas emoções que fizeram meu peito transbordar. Senti saudade, tristeza, medo, amor...

O filme conta a história de um casal que precisa enfrentar o AVC sofrido pela idosa. O marido cuida dela, o que me fez lembrar da época que meu avô cuidava da minha avó. O filme se passa no apartamento deles e mostra a rotina cansativa de quem cuida de um idoso.

Logo antes da sessão começar, comentei com minha mãe sobre um livro a respeito da vida que havia comprado pouco antes. Do meu lado, estava uma senhora de 82 anos, mas com uma aparência muito boa, parecendo ter bem menos, quase uns 10 anos mais jovem. Ela então começou a me falar sobre a vida. Como é preciso aceitá-la do jeito que ela é. "Não tente mudá-la. Não leve a vida a ferro e fogo."

Achei um pouco cômico quando o filme terminou e ela virou pra mim e disse que não havia entendido o final. Então eu expliquei, mas por um momento desejei que também não tivesse entendido. Depois pensei melhor e vi que a vida é assim mesmo. A gente não precisa lutar contra ao que nos acontece. Nem sempre temos o que desejamos.

Uma das cenas que mais gostei mostra Anne na cozinha de seu apartamento, durante uma refeição, quando ela pede ao marido que lhe traga uns álbuns de fotos. Ela começa a vê-los e diz: "C'est bon." O marido pergunta: "Quoi?" Ela então responde: "La vie... La longue vie."

Esse não foi o melhor filme que já vi, mas, sem dúvida, foi o mais triste. Triste por mostrar a realidade descarada. A vida e as sensações humanas tais como elas acontecem. Afinal, é filme francês, já devia suspeitar que fosse intenso.

Não me sinto mais tão ingênua. Me identifiquei com uma cena, no final do filme "An Education", com Peter Sarsgaard e Carey Mulligan, em que a personagem de Carey vai ao apartamento da professora e diz: "I feel old, but not very wise". Ela se sente envelhecida, no sentido de madura, como quem diz que aprendeu com o que viveu, mas ainda assim, ela é jovem e percebe não ter sabedoria suficiente de alguém que viveu mais tempo.



Quero envelhecer e concordar com Anne. Quero olhar para minha vida, para minhas lembranças e sentir que a vida foi boa.

Mudei até mesmo o nome do blog, tamanho o impacto deixado pelo filme. Porque, quando você passa por algo desse tipo, as marcas ficam em você. Eu me arrependo de não ter ajudado tanto a minha mãe. Fico pensando que poderia ter feito muito mais coisa pelo meu avô. E agora, ele não está mais aqui. Mas eu tenho fé. Sei que ele está num lugar melhor. Ele e minha vó foram o casal mais bonito que eu já vi. Lá no Céu, sei que eles estão nos olhando. Cuidando de mim, da minha mãe, da minha família. A saudade é muito grande, mas posso garantir: o melhor modo de aproveitar a vida é através do amor. Sem amor, uma pessoa não tem boas lembranças, nem terá bons momentos, tampouco ela dirá que teve  uma boa e longa vida.

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