quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Bagagem repleta de novas experiências

Tive a ideia pra esse post enquanto estava no metrô vindo pra faculdade. Sabe, às vezes a inspiração vem quando a gente menos espera. E por isso é tão boa a sensação. Tudo começou na verdade por causa da minha nova mochila de rodinhas. Ela parece uma malinha então, muito merecidamente, ficam me zoando tanto no estágio quanto na faculdade pra eu correr pro aeroporto e não perder o voo. Me desejam boa viagem e essas coisas. Normal. Até que me veio o pensamento de que, na verdade, a vida é de fato uma viagem. E constante. Rumo à alguma coisa. Nem sempre sabemos pra onde vamos, mas sabemos que o movimento existe.


Notei que esse "movimento" é o tempo. A saudade que sinto de Lille, na verdade não é nem do lugar propriamente dito, mas sim da experiência, da vivência, do contexto do intercâmbio. Tenho vontade sim de voltar à cidade algum dia. Mas sei que não será o mesmo. Quando eu voltar em Lille, não será a mesma cidade porque ela terá mudado, e eu também. Além das mudanças mais perceptíveis, tudo será alterado pelo mesmo fator comum: o tempo. A circunstância não será mais a mesma, então embora eu volte lá, não poderei recuperar o que passou.

A mesma coisa acontece em situações rotineiras, como quando assistimos tantas vezes a um filme que enjoamos dele, ou ouvimos uma mesma música zilhões de vezes e o mesmo acontece. Qualquer coisa com a qual nos habituamos pode vir a perder seu encanto. O tempo traz pegadinhas. O que é novo pode se tornar velho e o que era velho pode se tornar novo, quando envelhecemos.

O fato é que estamos viajando rumo a um futuro desconhecido. A gente até faz planos, mas nem sempre a vida oferece as condições necessárias para que se realizem. Temos sonhos, vontades, ideias da onde queremos chegar. Nem sempre temos um objetivo definido, pois em vários casos permitimos que a vida nos leve, como um barco no oceano que se deixa guiar pela direção do vento. Afinal, contratempos acontecem. E oportunidades também. Cabe a nós tomar as devidas escolhas.

Daqui a uns anos, quando eu lembrar deste momento da minha vida, vou sentir saudade. Então é importante aproveitar a viagem, o percurso que me levará até onde quero chegar. Por favor, não pense que me refiro a apenas um objetivo. Muito pelo contrário. A vida não é tão simples. Não existe um plano apenas. São vários, uma infinidade deles! Ao chegar a um ponto, logo vem outro! E as conquistas se misturam, de modo que posso me sentir triste e feliz ao mesmo tempo. Por exemplo, amo minha vida como ela é agora, mas morro de saudades do Lucas, que está na Alemanha fazendo intercâmbio. É verdade que quero encontrá-lo logo, mas isso não me impede de vivenciar tudo que tenho de bom até que isso aconteça. O mesmo vale pra ele. Quando voltar, com certeza vai sentir muitas saudades de tudo que viveu, mas aí aquela viagem já terá passado. E novas histórias virão. Será um novo caminho a ser seguido com todos os aprendizados obtidos, com a bagagem repleta de novos conhecimentos e experiências. Pois, afinal, a vida é uma viagem. Rumo à alguma coisa. Rumo a nós próprios. Rumo a saudade que vamos sentir amanhã.

domingo, 24 de agosto de 2014

É só um até logo - em memória à Lea Madureira Queiroga


Você provavelmente já viu várias postagens minhas no Facebook e no Instagram sobre a campanha do desafio do balde de gelo para arrecadação de fundos em busca da cura para a esclerose lateral amiotrófica (ELA). Também já leu que minha vó enfrentou essa terrível doença. Mas o que não contei é o que senti, pensei e lembro sobre os 10 anos de privilégio que pude conviver com uma das pessoas mais incríveis, amorosas e gentis que conheci: Lea Madureira Queiroga. 

Associo a história da minha avó à da Cinderela. Os fatos principais são os mesmos. Quando vovó tinha apenas dois anos, sua mãe faleceu. Poucos anos depois, meu bisavô casou de novo. Vovó contou que cursou até a terceira série e que fazia os trabalhos domésticos em casa, lavando louça, limpando a casa, etc. A infância teve suas partes tristes, mas ainda assim ela me contava momentos divertidos e também de oração, como quando rezava escondida a "Ave Maria". Não me lembro direito o porquê de fazer escondido. 



 "Ainda que Cinderela e seu príncipe
tenham vivido felizes para sempre, 
o ponto, senhores, é que eles viveram!" 
- Para Sempre Cinderela

Meu avô, que na minha visão, é o príncipe da história, veio para o Brasil quando tinha 14 anos. Eu vi fotos dele antigas, e posso dizer: era bem forte e bonitão. Sempre achei seus olhos azuis lindos demais. Eles se conheceram, se apaixonaram, e vovô Zé então salvou a princesa. Vovó tinha 17 anos quando se casou. 
 
A vida era difícil, mas criaram seus três filhos com muito amor. Primeiro veio Zequinha, depois Luis, e por último, minha mãe, Lourdes. 

Infelizmente eu não sei muito bem como as vidas deles se desenrolaram nas décadas de 60 até 90. Lembro da história de que eles viajaram pra Portugal pra visitar a família de vovô, e que se arrumaram muito pra viagem de avião. Acho engraçado porque, hoje em dia, quando viajo, procuro a roupa mais confortável que existe, ainda mais para viagens longas. Mas entendo o pensamento deles ao quererem estar bem vestidos. Queria tê-los visto animados pra vigem!

Ah, é! Teve a situação em que vovó teve que operar a tireoide! Isso foi por volta nos anos 80. Minha existência está baseada nesse acontecimento. Não acredito que quase esqueci de contar isso!! 

Meu pai tinha se formado em Medicina fazia pouco tempo. Ele então ficou de cuidar de vovó no hospital. Não sei ao certo a função dele nessa situação, mas o importante é que, em um dia de visita no hospital, mamãe o conheceu. Vovó gostou dele logo de cara, e de alguma forma, ele ficou de ir à casa delas pra ver um jogo do Flamengo - mesmo papai sendo botafoguense.

Anos depois, eu nasci. :)

Assim, de 1991 até 2002, a minha vida ficou marcada pela convivência com vovó. Lembro de ela trazer mamadeira pra mim, de me dar chupetas, de me levar na escola, na fonoaudióloga e no ballet. Lembro do dia em que fui pra escola e assim que cheguei lá passei mal e ela me levou de volta pra casa e cuidou de mim. Lembro de quando estávamos andando na rua e vi um pipoqueiro no chão após um atropelamento. Tinha sangue e pipoca pra tudo que é lado. Lembro que fiquei muito triste e chorei. Lembro do dia que tio Zequinha ligou lá pra casa, disse que eu havia ganhado na loteria, e eu e vovó morremos de rir da brincadeira. 

Lembro de assistir a fita do filme "A Princesinha" várias e várias vezes. A história é muito bonita e gosto muito da parte na qual a personagem principal diz que todas nós somos princesas. Percebi então que eu já via vovó como uma princesa. E essa afirmação tornou-se ainda mais verdadeira. 


"Eu sou uma princesa. Todas as meninas são. 
Mesmo que elas vivam em sótãos velhos. 
Mesmo que se vistam em trapos, mesmo que não sejam bonitas, 
inteligentes, ou jovens. Elas ainda são princesas"
- A Princesinha

Vovó sempre assistia comigo e nunca reclamava de ver o mesmo filme. Lembro também de assistirmos "A Bela e a Fera", "A Pequena Sereia", e um programa na TV de um cientista engraçado, dentre um monte de outros filmes. Lembro de andarmos de barca e passearmos no centro do Rio. Lembro das vezes que ela comprou brinquedos pra mim, tipo o urso a quem dei o nome de José, e lembro que ela me disse que os brinquedos realmente ganhavam vida quando nos afastávamos. Eu acreditei por um tempo! :P

 Até que chegou a doença. E muita coisa mudou. Vovó, com mais ou menos 57 anos, foi diagnosticada com ELA. No início, eu com 5, não sabia nada sobre isso. Ela ainda me levava para a escola, mas tinha uma mão que não era muito boa. Eu dizia que não queria segurar a "mão ruim", e só segurava a "mão boa" dela. Lembro do dia quando ela subiu na escada pra pegar algo na prateleira e caiu.

Um dia, na volta da escola, fomos para a casa dela e de vovô. Tinha piscina no terraço e eu estava animada. Mas, enquanto estávamos lá, ela não se sentiu bem. Então, saímos e fomos pra dentro. Levei vovó até a cama dela e lá ficou deitada até mamãe chegar. Eu lembro de ter ficado preocupada. 

Chegou a hora de usar bengala. Mamãe e vovô resolveram que era hora de fazer uma mudança. Meus avós vieram, assim, morar perto da gente. A poucas quadras daqui de casa, era o novo apartamento deles. Adeus para a casa do Barreto com piscina, adeus crianças com quem brincava, adeus homem que vendia cuscuz na rua. Foi necessário. Um tempo depois, chegou a hora do andador.

Como vovó sempre gostou de desenhar, foi muito triste ver seus braços perderem o movimento. Ela pintava paisagens e eu admirava seu talento. Gostava das árvores, rios e montanhas que ela fazia. Gostava das toalhas que ela pintava pra mim. Levava pra escola e dizia: "minha vó que fez". Embora com o tempo ela não dominasse com precisão suas mãos, pintava sabonetes, pratos, pedras, e a arte continuava presente. Lembro da vez que ela pintou tantos sabonetes que a mesa de jantar ficou sem espaço livre. Estava coberta por eles. Um mais bonito que o outro. 


Stephen Hawking
O problema é que a doença não parava de avançar. Mais grandinha, eu sabia que se tratava da esclerose lateral amiotrófica, e já conhecia o cientista Stephen Hawking. Já que ele ficou tanto tempo com a doença (e ainda está), imaginava que vovó também pudesse aguentar e ir levando. Mamãe me contou que não havia cura e que os médicos diziam que o tempo médio de vida com a doença era de dois anos, mas isso não me impediu de rezar todas as noites para Deus fazê-la melhorar.

Vovó precisou andar de cadeira de rodas. As coisas ficaram ainda mais difíceis. Eu e mamãe passamos a dormir todos os sábados na casa deles, para ajudar vovô Zé. Eu na verdade me divertia. Adorava passar tempo com vovó. Ela era muito alegre, divertida, e gostávamos de assistir "Zorra Total" no sábado. Tínhamos em comum amar ver filmes. Ela tinha várias fitas, mas costumávamos também assistir filmes alugados. Lembro quando ela me deu de aniversário um filme dos "101 dálmatas". Era tipo uma continuação. Gostei bastante! Víamos também "Mudança de hábito" e ríamos demais!! 

Mudança de Hábito
Um laço muito importante que unia a gente era o amor pelo Natal, nossa época do ano favorita. Lembro dos anjinhos que ela fazia de enfeite, enquanto a arrumação do presépio ficava sob a responsabilidade de vovô. Sempre que chega o final do ano, sinto uma enorme alegria, o espírito de Natal, que ela também sentia. 

No domingo, na hora de me despedir de vovó, encontrava cinco reais entre sua mão direita e a almofada que segurava seu braço, ela já sentada no quarto da TV, onde eu e mamãe dormíamos. Eu ficava feliz porque tinha um dinheiro a mais pra comprar lanches e doces na escola durante a semana. 

Um desses sábados, foi dia de festa junina no Santuário das Almas, uma igreja na mesma rua do prédio deles. Depois da festa, fomos pra lá. Estava toda boba com os brindes que ganhei. Vovó ficou rindo ao me ver brincar. 

Na semana seguinte, cheguei a pensar em ir à casa dela, mas fiquei com preguiça. Pensei que logo a veria no sábado. A semana passa rápido mesmo. 

Só que na sexta-feira vovó ficou nervosa demais por não conseguir falar e sofreu um infarto. Foi levada pro hospital. No domingo à noite, depois da missa, mamãe recebeu a notícia e me contou que ela havia falecido. Eu nunca senti uma dor tão grande na minha vida. Não me despedi direito dela. Apenas dei um até logo, imaginando que a veria novamente na próxima semana. 

Tenho lindas lembranças dela. Em todas ela sorria. 

  
"Eu acredito que você seja,
e sempre será, minha princesinha"
- A Princesinha

Recentemente, a doença ficou famosa como jamais imaginei. Nunca vi tanta repercussão sobre a ELA. O impacto que isso teve sobre mim foi muito forte. Eu espero muito que as pesquisas avancem e que uma cura seja encontrada. Não quero mais que ninguém sofra por causa dessa doença. Na verdade, não quero que ninguém sofra por coisa alguma. Assim, é importante estar em constante oração, porque, mesmo que nossa vida esteja indo bem em um dado momento, a vida de outra pessoa pode estar passando por uma tempestade.

A saudade é permanente, mas ao mesmo tempo, fico aliviada por ela não estar mais sentindo dor ou sofrendo. Vovó e vovô tiveram partes da vida muito tristes, mas o amor que sentiam um pelo outro foi o mais puro que já vi. Creio na vida eterna. Agora eles estão descansando, e nós que ficamos, ao menos tenhamos esperança, e saibamos viver com sabedoria em cada momento da vida. No final das contas, é só um até logo. 

quinta-feira, 31 de julho de 2014

1º mês em casa - dizendo adeus ao intercâmbio

Saudade é o que eu sinto pelo melhor semestre da minha vida!
 Depois do meu primeiro mês em Lille, eu escrevi o que eu sentia, o que eu pensava sobre a cidade, e sobre o fim de semana da minha viagem a Paris, para conhecer as pessoas da Comunidade de Sant'Egidio.

Agora, é o contrário. Voltei no mês passado, no dia 30 de junho. Foi incrível ver a minha família e amigos de novo, mas eu mudei. Às vezes, eu estranho comportamentos, mas eu esperava que isso acontecesse.
 

Sabe, eu fiz uma disciplina muito interessante na IÉSEG, chamada "Comunicação Intercultural". De todos os temas - eu posso escrever sobre eles mais tarde -, o que eu quero destacar é o choque cultural.

Semana de orientação: como tudo começou

No texto que o professor nos deu, diz assim: "O termo do choque cultural foi cunhado para descrever um tipo específico de reação que pode ocorrer quando as pessoas viajam para o estrangeiro ou confrontam modos de vida substancialmente diferentes dos seus."

As fases de quando entramos em contato com outra cultura podem ser representadas pela curva-w:


   
Antes dessa aula, eu pensei que tudo seria perfeito depois de voltar. No entanto, acabou por ser um choque cultural reverso, como a teoria diz que deve acontecer.

Tudo muda: literalmente
No início, quando eu voltei, tudo foi perfeito, incrível, maravilhoso! Exatamente o que eu pensei de Lille, no meu primeiro mês lá. Com o tempo, eu senti bastante falta do modo de vida com o qual eu me acostumei. É meio estranho que, em junho, tudo o que eu queria era estar aqui novamente, mas agora que eu estou, eu sinto falta (mais do que eu poderia imaginar), da linda cidade fria no norte da França.

Acho que na próxima semana vou me sentir melhor. Vou ter aulas e mais coisas pra fazer. Voltar não significou que eu continuaria sendo a mesma, porque as coisas não são as mesmas. Eu realmente sinto falta do Lucas, e ficar sem ele é uma grande mudança na minha vida. Eu não estou solteira, mas também não tenho a sua companhia.


Sinto falta da estação de metrô perto do Concordia
 
De qualquer forma, estou feliz que eu aprendi que as culturas podem ser diferentes sem que uma seja melhor que a outra. Percebi que nem todas as coisas são perfeitas na França, Itália ou Espanha. O problema é que nós, brasileiros, reclamamos muito sobre o nosso país. Quando na verdade, temos muitas qualidades pra se orgulhar!

Assim, agora estou mais feliz do que nunca por onde moro, e mais ainda tendo a consciência da sua realidade e dos seus problemas.

Talvez eu esteja vivendo, ao mesmo tempo, a fase da euforia, com o choque da volta, ou podemos apenas dizer que, basicamente, estou tendo uma crise.


Sinto falta da chuva
Na verdade, isso não importa, porque eu sei que vou me recuperar pouco a pouco. No último mês, eu estive feliz em sair com a minha mãe, com minhas melhores amigas, meus primos e meus amigos da Comunidade.

Ah, e eu não poderia esquecer: eu estou tocando vioão novamente. Até mesmo escrevi duas músicas desde que voltei! \o/
 

Mas, ainda não fui à praia. Na verdade, estou sentindo frio, mesmo depois de todo esse tempo em Lille, um lugar muito mais frio do que aqui! Acontece que 21ºC não é tão quente como eu pensava que fosse.

Sinto falta da Grand Place em Lille
A melhor parte de toda a experiência do intercâmbio é que eu tenho lembranças maravilhosas e fiz amizades incríveis, com as quais posso manter contato. Foi um sonho que se tornou realidade. Tenho orgulho de dizer que eu tive o melhor momento da minha vida. Este semestre foi o melhor de sempre, e valeu a pena!

A vida continua ... Estou à procura de um estágio, estou mudando meus hábitos alimentares e eu sei que, em um curto período de tempo, as coisas vão estar em seu devido lugar. Eu vou ficar bem!


Sinto falta de cada um de vocês!

1st month at home - saying goodbye to the exchange experience

Saudade is what I feel for the greatest semester of my life!

After my first month in Lille, I wrote how I felt, what I thought about the city, and about the weekend of my trip to Paris, to know the people of the Community of Sant'Egidio.

Now, it's the opposite. I came back last month, on June 30th. It was awesome to see my family and friends again, but I changed. Sometimes, I strange behaviors, but I expected this to happen.

You see, I studied a very interesting subject at IÉSEG, called "Intercultural Communication". From all the topics - I can write about them later -, the one that I want to point out is the culture shock.

Orientation week: how everything started
In the paper that the professor gave to us, it says: "The term culture shock was coined to describe a specific type of reaction that can occur when people travel abroad or confront ways of life substantially different from their own."

The stages of acculturation can be represented by the w-curve:



Before this class, I thought that everything would be perfect after coming back. However, it turned out to be a reverse culture shock, as the theory says it's suppose to happen.

Literally
At first, when I came back, everything was perfect, incredible, awesome! Exactly what I thought of Lille, in my first month. With time, I missed a lot the way of life that I got used to. It's sort of strange that in June all I wanted was to be here again, but now that I am, I miss (more than I could possibly imagine), that beautiful and cold city in the north of France.

I guess next week I'll feel better. I'll have classes and more things to do. Coming back didn't mean that I continued being the same, because things aren't the same. I really miss Lucas, and being without him is a big change in my life. I'm not single, but I also don't have his company.

I miss the metro station near Concordia
Anyway, I'm glad that I learned that cultures can be different without one being better than the other. I realised that not all things are perfect in France, Italy, or Spain. The thing is, we (Brazilians) complain a lot about our country. Actually, we have plenty of qualities to be proud of! 

So now I'm happier than ever for where I live, and even more for being conscious about the reality and the problems.

Maybe I'm living at the same time the honeymoon phase, combined with the reentry shock, or we could just say that basically I'm having a crisis.

I miss the rain
In fact, it doesn't matter, because I know I'll recover myself little by little. In the past month, I've been happy to go out with my mom, my best friends, my cousins and my friends from the Community.

Oh, and I couldn't forget: I'm playing guitar again. I've even written a couple of songs since I came back! \o/

I still haven't gone to the beach, though. I'm actually feeling cold, even after all that time in Lille, a place much colder than here! It turns out that 21ºC isn't as hot as I thought it was.

I miss the Grand Place in Lille
The best thing about all the exchange experience is that I have wonderful memories and I made incredible friends who I can keep in touch with. It was a dream that came true. I'm proud to say that I've had the time of my life. This semester was the best ever, and it was worth it!

Life goes on... I'm looking for an intership, I'm changing my eating habits, and I know that in a short period of time, things will be in their right place. I'll be ok!
 
I miss each and everyone of you!

sábado, 19 de julho de 2014

Porque a infância nos anos 90 foi a melhor

Hoje me senti brutalmente nostálgica da minha infância e dos anos que ficaram para trás, esquecidos nos disquetes e aparelhos VHS - os anos 90.

Por isso, resolvi reunir aqui uma série de maravilhas presentes nas vidas das crianças dos anos 90!

Vamos lá!

1. Essa mola colorida

Admita: você amava isso
















2. Sabrina, aprendiz de feiticeira

Um dos melhores programas da Nick




















3. Esses prendedores de cabelo

Como gostava disso, não bastava ter uma


















4. Tamagotchi

Só de ter pesquisado essa foto no google, me deu vontade de comprar um
















5. Fofolete

Como não amar??? Queria todas!!
 












6. Power Rangers

Eu sou a rosa!!!
 












7. Mamonas Assassinas

Miiina, seus cabeeelo é da hoora!!
















8. Doces na saída da escola

Época em que minha vó me buscava na escola













9. Cavaleiros do Zodíaco

Tem tanto tempo que via isso, que nem me lembro da história
 















10. A seleção brasileira de 94!

Primeira Copa da minha vida! Achei que seria sempre assim!
 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Curiosidades sobre Florença

Em abril, durante as férias de primavera, eu e umas amigas da faculdade fomos conhecer a Itália. Florença foi a segunda parada, depois de Roma.

Tiramos dois dias para visitá-la. Foi o suficiente, mas recomendo ficar mais um dia, simplesmente para relaxar, pois é uma cidade muito bonita, agradável e segura.

No primeiro dia, fizemos o free walking tour às 11h com um guia falando em inglês, e outro tour com o mesmo guia às 14h. Foi fundamental, e recomendo muitíssimo a quem for fazer o mesmo.

O tour oferece conhecer mais sobre a história de Florença e da arquitetura, sem você ter que pagar nada. É um modo muito bom de andar e ver a cidade.

Na foto à direita superior, vemos que existe uma viga segurando uma extensão do prédio, que foi "puxado" para a sua direita sem, no entanto, vir desde o chão. Isso porque, antigamente, era cobrado imposto pelo quanto as casas ocupavam no território. Logo, os florentinos, para não pagar mais imposto, aumentavam suas propriedades, apenas na parte de cima. E nós aqui achando que só os brasileiros têm um jeitinho pra tudo, hein? Rsrs.


Uma outra parada muito interessante foi diante da Basílica di Santa Croce (Basílica de Santa Cruz). O guia logo perguntou: "Vocês notam alguma coisa de diferente nessa igreja?". O grupo olhou com atenção, e um rapaz respondeu: "A estrela de Davi". Ele estava certo, pois a estrela é um símbolo do judaísmo, então o guia nos explicou porque ela está ali.

A igreja foi desenhada pelo arquiteto Arnolfo di Cambio, em um estilo gótico, e começou a ser construída em 1294. As obras terminaram em 1385 e ela foi consagrada em 1443. Séculos mais tarde, em 1857, o arquiteto Niccolò Matas (1798-1872) ficou encarregado de fazer a fachada que vemos hoje, em um estilo neo-gótico, com um mármore carrara, nas cores branco, verde e rosa.

Túmulo de Galileo Galilei
Acontece que Niccolò Matas era judeu, e assim, acrescentou a estrela de Davi na fachada, por ser um símbolo da sua religião, mas que também tem ligações com o catolicismo. De acordo com o guia, o túmulo do arquiteto encontra-se na entrada da igreja, metade para dentro, metade para fora, devido à sua religião.

Na verdade, além de Niccolò, a igreja também abriga os túmulos de célebres inventores e artistas, como Galileo Galilei, Nicolau Maquiavel, Michelângelo, Dante Alighieri, etc.

 
Há uma importante parte da história de Florença que fica registrada em sua arquitetura: os Médici. A rica família burguesa contribuiu muito para o florescimento das artes renascentistas. Na cidade, deixaram marcas, como esta da foto à direita. Para não andarem no meio dos florentinos comuns, a família tinha passagens por cima da cidade. Para os que leram o livro "Inferno", do Dan Brown, com claras inspirações do outro conhecido "Inferno", de Dante, provavelmente vão se lembrar da Ponte Vecchio, onde ele participa de uma tensa fuga. Pois então, essa era uma das passagens usadas pelos Médici.

Ponte Vecchio ao fundo
Para resumir, Florença é uma parada obrigatória se você pretende visitar a Itália nas férias. Ela não decepciona em nenhum quesito. Encontramos bons restaurantes, lojinhas de souvenirs lindas demais, uma feira com doces, pães, tudo de bom que a culinária florentina tem a oferecer, igrejas lindas, museus com as artes que você vê nos livros de história desde que entrou para a escola, e muito mais!

OBS: Não deixe de visitar o Museo Gli Uffizi di Firenze, onde tem o "Nascimento de Vênus", de Sandro Botticelli, e a Galleria dell'Accademia, na qual se encontra o David, de Michelângelo.

O David é algo assim, impressionante!!! Juro que não esperava tanto, já que não sou muito chegada a esculuras, mas essa foi de cair o queixo, tamanha a admiração! Impossível não gostar! Cada detalhe é uma perfeição! 

terça-feira, 15 de julho de 2014

Como planejar uma viagem e se virar em caso de problemas



A viagem que eu e uma amiga fizemos, no final do intercâmbio, teve que ter um controle de gastos ainda mais rigoroso. Afinal, estávamos quase voltando pro Brasil. O sonho estava acabando e, junto com ele, o dinheiro. A situação exigia uma viagem a ser super aproveitada, porém sem gastar muito!

O mais importante antes de partir é fazer um bom planejamento para que, apesar das prováveis surpresas desagradáveis, você consiga administrar bem seu tempo/dinheiro com tranquilidade para resolver os problemas.

Dessa forma, nos reunimos mais ou menos uma semana antes de começarmos a jornada de sete dias pelo sul da França + um dia na Disney. Enquanto uma buscava passagens de trem, avião, ônibus, qualquer meio que oferecesse o melhor custo/benefício, a outra procurava as acomodações.

No caso, fiquei encarregada de ver onde iríamos dormir. Costumava usar bastante o booking.com, mas no caso do sul da França, estava tudo caro demais. Ou dormiríamos em albergues ruins que ninguém recomendava, ou teríamos que encurtar a viagem, já que não poderíamos arcar com os absurdos preços dos hotéis.

Les Calanques (Cassis)
Antes de mais nada, preciso dizer que o roteiro era o seguinte:

Dia 2 de junho: Lille (onde morávamos) -> Disney, Disney -> Marseille
Dia 3: em Marseille
Dia 4: em Cassis (próximo a Marseille)
Dia 5: Marseille -> Nice
Dia 6: em Nice
Dia 7: Monaco (próximo a Nice)
Dia 8: Nice -> Aix-en-Provence
Dia 9: Aix-en-Provence -> Lille

Era primavera, quase chegando o verão, e estávamos indo pro local de praia na alta temporada, logo, os preços estavam salgados. E mais, essas cidades já são caras, especialmente Nice. Os comentários no booking.com estavam me deixando desesperada. Era cada coisa horrorosa, de lugar sujo, funcionários ruins, lugares mal localizados, etc. O jeito foi mudar e aceitar que haveria de ter outra solução.

Foi assim que, por indicação, entrei no site airbnb, cuja proposta é a seguinte: você dorme nas casas ou studios de pessoas que disponibilizam esse espaço pra você, por um preço justo. E foi ótimo! Mas, sinceramente, indico o site pra viagens em grupo. Se estiver sozinho, acho que não vale o risco.

Ao usar esse site, fique ligado:
  • nos comentários positivos (se tiver de brasileiros é melhor ainda)
  • na localização (em Marseille, isso foi fundamental, já que a cidade é dita como perigosa)
  • no que a acomodação oferece (wifi, ar-condicionado/aquecedor, cozinha, etc)
  • nas fotos do lugar, se são suficientes pra ter uma ideia
  • se o anfitrião recebe outros hóspedes ao mesmo tempo
  • no telefone e e-mail do anfitrião (vai ser importante se comunicar com ele (a)!)
  • no endereço (mesmo que você tenha 3G, tire print do google maps mostrando o caminho da estação de trem/aeroporto/o que for, até o lugar em que você ficará)

Seguindo essas recomendações, dificilmente você terá problemas. A única dificuldade que tivemos foi em Aix-en-Provence, porque o cara que deveria entregar a chave do studio queria que o encontrássemos na parte da tarde, só que ainda estaríamos em Nice. Conversamos por SMS e marcamos um outro horário. Mais um ponto a favor em ficar ligado nas mensagens recebidas, sejam por e-mail ou no celular.

Atelier de Cézanne em Aix-en-Provence

Mas, nem tudo sai como o planejado. Logo no início da viagem, aconteceu uma coisa bem chata que deixou todo mundo com medo. No dia 2 de junho, quando saímos da Disney e estávamos chegando à estação de trem de Marne la Valée, todas as pessoas estavam saindo da estação correndo e gritando que havia uma bomba lá dentro!

No início, não acreditei, mas foi uma questão de minutos para expulsarem todos de lá e delimitarem o  acesso ao local. O pior: deixamos pra comprar na hora a passagem de trem, porque pela internet deu erro ao escolhermos a mais barata. Não compramos mais cedo porque só queríamos curtir as atrações do parque. xD

Enfim, bateu nervoso na hora. Minha mala estava dentro da estação. Imagina se a bomba realmente explodisse! D: Mas conforme o tempo foi passando, começamos a rir da situação toda.

Uma hora mais tarde 

Tendo bomba ou não, liberaram nossa entrada. Primeiro pegamos minha mala, depois fomos tentar comprar os bilhetes. Pela máquina já não era mais possível, porque foi como se o trem "já tivesse saído". Então, fomos procurar informação no guichê de vendas. A funcionária então nos entregou um aviso para mostrarmos no trem, o qual nos permitia comprar os bilhetes durante a viagem - sem levantarmos a suspeita de querer dar uma de esperto e viajar sem pagar.

Minutos mais tarde

No trem, enquanto tentava explicar pro controlador de tickets da SNCF o que era o aviso nas minhas mãos, e porque nós não tínhamos passagens, uma francesa - ou um anjo que apareceu pra nos salvar - que falava português perfeitamente, nos ajudou na comunicação.

Só sei que deu tudo certo, apesar da suposta bomba, do meu francês que emperrou num momento tenso, e da ausência de bilhetes pra pegar o último trem daquele dia. A dica é: mantenha a calma nos momentos tensos, procure ajuda sempre que tiver dúvida, e já vá pensando em planos B caso as eventualidades surjam.

Segue um vídeo pra descontrair!



segunda-feira, 14 de julho de 2014

Viajar é conhecer mais do que o lugar

A melhor parte de viajar é guardar e memorizar bem as sensações. Eu gosto de lembrar dos momentos e saber como estava me sentindo. Acho que isso é mais importante do que saber de cor os lugares que fui. Porque, se você tiver dúvida e quiser saber, é só olhar na internet e encontrará uma série de blogs contando dicas de lugares para conhecer. Claro que eles são muito úteis, mas e depois? O que você gostará de levar para sua vida?

Em Santorini, uma ilha grega, senti uma paz muito grande. Fiquei maravilhada com a beleza do lugar. Apesar de ter viajado sozinha, me lembro de que não me senti só. O lugar era fantástico. Gostava de sentir o vento no rosto. Lembro também que senti medo de cair nas pedras escorregadias na rua. Fiquei maravilhada com o pôr do sol e isso me trouxe mil e um pensamentos e reflexões. O cheiro da comida, o sabor, ver as lojinhas, os souvenirs, as pessoas turistando. Tudo era maravilhoso! Saber que a ilha sofreu uma terrível tragédia e teve que ser reconstruída foi mais um motivo de admiração pelo lugar, com suas casas brancas e detalhes em azul. Tudo em Santorini existe em perfeita harmonia com a natureza, e você se sente parte disso.



Verona, na Itália, foi um dos meus lugares favoritos. Lembro que fiquei com a música "Wheel", do John Mayer, na cabeça, e que estava muito feliz por estar na cidade de Romeu e Julieta, ainda mais tendo o Lucas como uma de minhas companhias da viagem.

Verona é linda! Você fica admirado com a arquitetura, a história da cidade, a forma como as ruas são organizadas, as praças, os bons restaurantes, etc. É impossível estar lá e não visualizar a história de amor de Shakespeare se desenrolando nas ruas bem a sua frente! Lembrei bastante também do filme "Cartas para Julieta" e tive a sensação de estar vivendo um longa. Normalmente, devo admitir que isso já acontece quando viajo. Sempre me sinto num filme! A menina que viaja à procura de algo que nem mesmo ela sabe.

Não é isso o que estamos sempre fazendo, a final de contas? É como acontece naquele filme do Woody Allen, "Vicky Cristina Barcelona". Enquanto uma sabia o que queria, ou pensava saber, a outra tinha certeza do que ela não queria para sua vida, mas ainda não havia decidido o que ela estava buscando. Acho que, na verdade, isso acontece com a gente vez ou outra. Em alguns aspectos da vida, não dá pra sabermos exatamente o que estamos buscando. Mesmo que a gente tenha consciência daquilo que nós não queremos.


Assim, viajar é conhecer mais do que o lugar, é também conhecer mais sobre você mesmo. Que lugares visitar? O que é bonito ou feio? Pra onde seria bom voltar? E por quê? Já me disseram que se você foi feliz em um lugar, não volte. Eu já penso que no momento em que você volta, já é outra pessoa, e assim, a experiência num mesmo lugar passa a ser outra.

Voltei pra minha casa há duas semanas, e ainda estranho estar em minha própria casa. A nova pessoa que voltou está se acomodando ao mesmo lugar que ela já conhece. Até porque, o próprio lugar sofre mudanças, assim como as pessoas com as quais convivia.

Pretendo voltar a alguns dos lugares que visitei, mas sei que não se trata de uma viagem no tempo. O que passou fica na memória e nas histórias pra contar. Estarei em busca de novas sensações e pensamentos. 

No final das contas, a melhor coisa em viagem é se deixar levar, se entregar à cidade, andar pelas ruas e ser conquistada pelo ambiente e a energia que ele traz. Aproveitando bem o tempo, a volta pra casa fica muito mais feliz e sem estresse.

sábado, 28 de junho de 2014

É hora de voltar pra casa!



Enfim chegou o momento de voltar para casa. Amanhã, pego o avião pro Rio. O intercâmbio foi uma das melhores experiências que vivi! Sem dúvida alguma, marcou minha vida para sempre, e portanto, não poderia deixar de registrar aqui o que senti. Houve momentos de solidão, mas também de alegria, de festa, de estudo e de viagens, muitas viagens! Nem tudo foi perfeito. Os problemas estiveram presentes, mas para serem solucionados. No início, eu tinha mais medo e insegurança, só que conforme os meses foram passando, fui ganhando prática e tranquilidade para lidar com as dificuldades. No entanto, nesses últimos dias, o principal motivo de estresse foi fazer as malas para voltar. Parecia uma missão impossível, mas foi cumprida: agora é só embarcar!

Ter morado sozinha me ensinou coisas sobre mim mesma que antes não sabia. Por exemplo, aprendi que gosto de cozinhar, de usar tempero, aprendi a fazer orçamento, vendo o quanto posso gastar, de pegar produtos no supermercado já sabendo quanto dará o total da compra, sabendo que aquela quantidade durará uma semana certinho, aprendi a escolher hotéis confortáveis na internet por um bom preço, e a fazer mala para cada tipo de viagem.

Antes de vir, senti muito medo de não me adaptar e de não aguentar os problemas que viria a ter. Mas, eu consegui! Sou grata a todos que conheci, que tornaram da viagem uma experiência menos solitária, aos que me ofereceram sua amizade e companhia. Agradeço também aos meus pais, parentes e amigos por todo o apoio.

Em plena Copa do Mundo, vejo bandeiras do Brasil para todos os lados, nos bares e restaurantes que transmitem os jogos. Enquanto antes de vir achava que a vida na Europa era melhor do que no Brasil, hoje sinto vergonha por tal pensamento. O Brasil tem muito do que se orgulhar e, definitivamente, tem sim inúmeras qualidades! Reclamar é fácil demais, só que problema existe em todo lugar. Não é falando mal que solucionamos alguma coisa. Mais do que procurar melhorar o que há de errado com o país, é preciso valorizar tudo aquilo que ele oferece de bom.

Assim, fui sentindo cada vez mais saudade do Brasil, e no momento, estou super ansiosa para voltar!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Para se sentir em casa basta estar com quem amamos

Vou começar o post de hoje com um curta maravilhoso que assisti outro dia. Ele faz pensar na vida, no amor, no que significam nossos sentimentos e em não desistirmos facilmente dos nossos sonhos.

http://youtu.be/4iJBYkId6Bo





Depois de assistir esse vídeo, comecei a pensar que para amar é preciso ter coragem. Quando nós temos medo, e desistimos de falar ou demonstrar o que sentimos, então nada acontece. É preciso avançar, dar um primeiro passo. E esse passo é termos mais confiança em nós mesmos, como a garota do vídeo, que começou a cantar mesmo sendo tímida. Ela tentava chamar a atenção do rapaz de quem gostava, e então isso foi dando mais força a ela. Só que ainda assim o plano não dava certo, e na vida isso às vezes também acontece com a gente. Só quando ela percebeu o porquê é que tudo fez sentido.

Lembro que comigo também foi preciso ter coragem para falar pro Lucas de que o amava. Quase três anos depois disso, sinto que foi uma das melhores decisões que tomei. Assim como a de estudar algo que amo, que é um outro tipo de amor totalmente diferente, mas que me faz muito feliz. Amo o jornalismo. Amo até mesmo o marketing, do qual tanto reclamava antes, rsrs.

Mas vamos lá, quem nunca antes fez algo querendo agradar alguém e a reação da pessoa não foi a esperada? Para amar alguém de fato, devemos conhecê-la melhor, tanto que quando ela descobriu mais sobre ele, pôde cantar de um modo que ele a entendesse.

No cotidiano, fazemos o uso de uma língua para nos comunicarmos, mas e no amor, será que é preciso toda uma outra linguagem para sermos bem compreendidos? E qual é o segredo dessa comunicação? Mais do que aprender a linguagem de sinais, a personagem encontrou um modo de se fazer compreensível. Não é isso o que todos nós queremos?

Mas e quando nos distanciamos de quem amamos, e não podemos mais nos comunicar da forma como estávamos acostumados? Nessa situação, devemos nos aproveitar de outras formas de comunicação, e adaptá-las ao nosso jeito, aos nossos hábitos.

O problema de quando nos distanciamos fazendo uma longa viagem é que não só nos distanciamos da nossa casa, mas também de quem nós somos. São tantas coisas novas, culturas e hábitos diferentes, que é impossível não mudarmos com isso. No entanto, é preciso ter momentos para lembrarmos de onde viemos. Encontrei esse momento aqui em Marburg, com o Lucas, porque ele é parte de casa.

Acordei essa manhã na casa de uma mulher que não conheço, que só fala alemão e conversa com seus gatos, enquanto o Lucas estava na aula, mas ainda assim senti que é aqui onde deveria estar. E ela ainda tem um excelente gosto musical, o que é tipo um bônus.

(Claro que ainda não tive coragem de sair do quarto hahahaha. Seria aquele momento constrangedor em que não sei falar nem "bom dia" em alemão. Então preferi ficar aqui até o Lucas chegar, que deve ser daqui a pouquinho.)

Voltando, a parte difícil de se afastar é que nos acostumamos e pensamos que a nova vida é a de verdade. Mas é aí que precisamos lembrar que ela não passa de uma fase.

Somos um pouco como a lua, que também tem suas fases. Ontem quando estava no ônibus numa viagem de quase 10h que parecia interminável, olhei a lua pela metade. Talvez fosse assim que estivesse me sentindo. Quem é que afinal de contas se sente completo o tempo todo? Muito pelo contrário, as nossas fases vão desde o completo vazio, até nós sentirmos cheios, sem nenhum pedacinho faltando.



Mas, diferente da lua, nos não sabemos o tempo de duração das nossas fases, nem a ordem, nem se passaremos por todas. A parte boa de sermos humanos é que podemos ter controle sobre nossas vontades, pensamentos e atitudes. E se ontem eu estava minguante, hoje acordei uma lua cheia. Sem prazo para deixar de ser.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Estamos sempre a espera de algo

O que aconteceu comigo hoje merece um post. E é por isso que vou colocar aqui na íntegra o que escrevi no meu diário.

Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
13h40
Aeroporto Charles de Gaulle

Se tem uma coisa que todo ser humano vivencia é a experiência de esperar. 
Constantemente esperamos algo em nossas vidas. Agora que estou em um aeroporto esperando meu voo que fui parar para pensar nisso. Talvez porque já esteja aqui há horas fazendo nada a não ser esperar. Mas, espera um instante. Isso não quer dizer que passei esse tempo fazendo nada. Eu busquei distrações. Assisti ao último episódio lançado de Pretty Little Liars, dei uma lida na matéria de Economia Internacional, comi biscoitos, ouvi música, olhei as revistas e livros na Relay, comi uma baguette. Não necessariamente nessa ordem. E agora, aqui estou, escrevendo. 

Só que eu parei para pensar em outras esperas não tão óbvias da vida - não tão evidentes. Quero dizer, estamos sempre esperando algo. Antes de começar o intercâmbio, foi um tempo de espera. Então, desde quando tomei minha decisão, em novembro de 2012, até tudo começar pra valer, em primeiro de janeiro desse ano, eu busquei distrações. 

Procurei informações na internet sobre a França, estudei francês, pesquisei pontos turísticos, opiniões de quem já passou por isso, etc.

Mas, será que tudo que vivi nesse tempo não passou de uma distração?

Será que pensei tanto no que estava para acontecer que deixei de viver nesse período de corpo inteiro? 

Não, claro que não.

Assim, não podemos esperar o que vai nos acontecer como se nossa vida estivesse lá na frente. Não posso pensar que só vou começar a me divertir quando encontrar o Lucas em Frankfurt. Tenho que curtir o aqui e agora. Porque esse é um tempo que não volta. E se não souber bem aproveitá-lo então vou me arrepender depois. As distrações não precisam ser uma obrigação. Elas podem ser prazerosas, tanto quanto aquilo que tanto aguardamos. É como Dumbledore diz, "não vale a pena viver sonhando e esquecer de viver". 

E já são 14h.

Tenho mais uma hora antes do embarque. O que eu espero? Aproveitar cada segundo dela.

16h55
Ainda no Aeroporto

Pois é. Perdi o avião. Você acredita? Eu também não. Estava tudo certo. Cheguei com horas de antecedência. Estava ansiosa. Só fui passar pela esteira às 15h. Porque vi que era a hora do embarque. É a minha primeira vez andando de avião sozinha. E estamos falando de mim. Então é óbvio que tinha que estragar tudo. Claro que ia dar errado. Mas, sinceramente, não sabia que podia entrar antes. O que aconteceu? Bem, minha mala de mão estava muito pesada. Por causa dos quilos a mais, tive que voltar pro check in. Paguei 30 euros para despachar a mala. Voltei para a esteira. Tirei casaco, bota, e minha mochila levou anos para ser liberada. Então peguei minhas coisas e fui para o portão de embarque. A ingênua não estranhou o fato de faltar apenas cinco minutos para o avião decolar e o ambiente estar totalmente vazio. 

Nenhum funcionário ou passageiro. Ok.

Comecei a estranhar. Não sou tão burra assim. Ai, isso é tão humilhante. Pude sentir minhas bochechas encarnando. Meu coração batendo mais rápido e minhas mãos começarem a suar. Não queria acreditar. Afinal, ainda faltavam três minutos. Mas estava ali escrito: embarque fechado. CLOSED.

Pensei: não é possível. Fui buscar ajuda ainda com um pouco de esperança. Correndo pelo aeroporto, me sentindo esganada, chorando sem perceber, foi somente às 15h30, o horário do meu voo, com o funcionário olhando pra mim e falando que já era tarde, que eu fui acreditar. 

Ali passou a ser uma verdade para mim: perdi o avião. Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Fiquei sem chão. Não via mais pessoas. Via borrões. Era como se tivessem tirado meus óculos. Depois de muito desespero, principalmente com minha pobre mala querida, que contem meu laptop, acabei sabendo que a mala ainda está aqui no aeroporto. Me disseram que ela sairá no mesmo avião que eu sair. 

Só espero que dê certo. Comprei outra passagem. O próximo voo é às 20h15. 

Pois é. Aí está um dos problemas em se esperar muito por algo. 

Por mais certo que possa parecer, ainda assim pode dar errado. Não é porque esperamos algo que isso vá acontecer. O certo então é não esperar por nada, ou esperar por tudo ao mesmo tempo. O que de uma forma ou de outra, não deixa de ser a mesma coisa. 

Enquanto chorava sentada aqui no banco do aeroporto, um homem se aproximou de mim. Primeiro ele falava em inglês, mas depois não sei o porquê mudou para o francês. E não sei muito menos o porquê eu entendi tão bem o que ele disse. Falou pra mim que na vida uma hora a gente ganha, e em outra a gente perde. Na vida tem coisas que valem muito mais do que 300 euros - sim, tive que pagar quase isso pelas minhas passagens perdidas. Mas ele então disse que há muita coisa pior nessa vida. Ele, por exemplo, perdeu a mãe. E aí me disse que essa perda é muito pior. Não valia a pena eu ficar daquele jeito. Eu nem tinha reparado, mas aí vi que ele tinha um gatinho branco dentro de uma bolsa. E antes de sair, disse ele, o gatinho valia muito mais do que 300 euros. Falou mais alguma coisa que não entendi e foi embora. 

Depois disso eu só pude ficar grata por uma pessoa dessa aparecer na minha frente e dizer exatamente o que eu precisava ouvir. 

Quero dizer, em um dos principais aeroportos do mundo, onde as pessoas estão tão centradas em seus próprios destinos, histórias e esperas, essa pessoas se aproximou para me trazer conforto.

Além de gratidão, também senti um pouco de vergonha pelo meu comportamento exagerado. Afinal, claro que quero ver o Lucas logo, mas isso não quer dizer que não vai acontecer. Só foi adiado. E me deu mais coisas para pensar. 

Quando esperamos muito por algo, é preciso ter cuidado para não ficarmos obcecados. A obsessão pode nos levar para um caminho tortuoso. 

O dia, contudo, não foi completamente ruim. Eu realmente consegui aproveitar as horas que passei aqui. É evidente que não esperava passar mais quatro horas. Só que a vida é assim. Ainda espero ver o Lucas hoje. O que são algumas horas a mais e alguns euros a menos? 

Isso não me impede de aproveitar um tempo que é nosso. E isso ninguém pode nos tirar. Nosso amor não tem preço ou hora marcada. É constante. 

São 17h30, mas já vou ficar perto do portão de embarque. Acho que será melhor. 

19h - Ainda no aeroporto

Isso é o que pode ser chamado de um longo dia. E o que eu aprendi é a ter cuidado com os medos da gente. Em algumas situações, sentir medo é bom e até aceitável, mas essa viagem me preocupou mais do que o necessário. Devia ter ido de trem? Não sei. De certo modo, os erros de hoje me ensinaram muita coisa. Como outras vezes eu já perdi a hora de manhã, na noite passada eu nem dormi direito. Coloquei meus mil despertadores, como de costume, acordei na hora, e tudo correu bem. Quis fazer tudo com calma porque tive medo de perder o avião. Cheguei ao aeroporto às 10h, para um voo que era somente às 15h30. Tive tanto medo de perder o avião, que acabei perdendo. Às vezes os medos nos ajudam, só que outras vezes eles podem ficar tanto na nossa mente, que esquecemos o que queríamos e nos concentramos apenas no medo. E isso não é bom. 

Não posso deixar meus medos me dominarem. Preciso agir por mim mesma.

Estão tão cansada agora. Sinto dor nos meus olhos. Gostaria muito de dormir agora. Falta praticamente meia hora para embarcar. 

Por mais que meu livro novo seja maravilhoso, não consigo mais ler. Meus olhos estão muito cansados. 

Estou ouvindo música e escrevendo aqui. Mas agora, não sei nem ao menos em que pensar. 

Um homem do meu lado parecia estar rezando. Talvez seja muçulmano, porque ele fazia referências. Agora ele já levantou e foi embora. 

Não quero me preocupar tanto com minha mala. Todos os funcionários me disseram que eu precisava fazer nada. 

Me disseram que minha mala ainda estava aqui porque eu estava aqui. E que ela só sairia depois que estivesse confirmado que eu estivesse no avião. 

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Foi isso. A mala veio, estou no hotel, e graças a Deus está tudo na mais perfeita ordem.

Até a próxima :)