quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Andamos todos em cordas bambas

 
Depois de escrever alguns textos em inglês, senti que dessa vez precisava pensar como eu mesma, escrevendo em português. É talvez uma forma de não me deixar escapar pelas palavras e não me enrolar em um idioma que não domino tão bem.

Estava pensando sobre confiança. Por que é tão difícil confiar nas pessoas? Às vezes não tenho certeza de quem são meus amigos de verdade, já que quando falamos de natureza humana, podemos pensar que ou as pessoas são boas, ou más, ou uma mistura dos dois. Eu acredito que seja uma mistura. Ninguém é totalmente bom ou mau. E talvez por isso quando conhecemos alguém sempre temos um pé atrás.

Mas também acredito que exista uma tendência, um caminho que cada um prefere seguir. Porque, afinal, as pessoas não são iguais e nem seu comportamento é dividido 50% para cada boa ou má ação.

Assim, vejo que a dificuldade de confiar nas pessoas é que não imaginamos a princípio como essa pessoa realmente é, e como ela se comporta na maior parte do tempo.

A porcentagem de bondade ou maldade pode variar dependendo de vários fatores, ou mesmo os próprios valores podem ser outros. Quem disse que todos seguem as mesmas ideias de certo e errado?

Ainda mais quando nos defrontamos com outras culturas. Uma coisa certa pode ser errada para outra pessoa, e tudo isso pode mudar um relacionamento, uma amizade, até que os dois se entendam.

Mas, talvez, o principal motivo para confiar nos outros ser tão difícil é o medo. Medo de passar por experiências que já porventura conhecemos e não gostamos. Medo por termos confiado, alguém ter nos decepcionado, e que isso se repita. Essa é a pior parte.

O medo de que algo aconteça de novo é o que nos freia quando se trata de novos relacionamentos. Não importa se é uma relação de trabalho, de amizade, ou amorosa. Sempre de uma forma ou de outra, acabamos comparando com nossas experiências passadas e tudo o que vivemos.

Temos a tendência de nos aproximarmos daqueles cujas personalidades nos lembram de alguém por quem já sentimos simpatia e confiança. Da mesma forma que se alguém que acabamos de conhecer nos lembra decepções e personalidades que nos fizeram sofrer, então a dificuldade para aceitá-la é ainda maior.

No final das contas, nossa mente tenta analisar os comportamentos e atitudes até encontrarmos um ponto de equilíbrio que faz das pessoas confiáveis. Só que nunca é uma rocha, pois nada é concreto. A confiança está mais para uma corda bamba. Até mesmo nossas próprias ações estão sendo constantemente vigiadas, seja pelo governo, professores, família, ou amigos. O importante é não cair.

 

Confiança é sobre estar a beira de um precipício e ainda assim não despencar lá de cima. Porque uma decepção não é boa nem pra quem sofre, nem pra quem a causa.


Já caí. Quem nunca? Já decepcionei. Já fui decepcionada. Mas aí que está um ponto positivo. O tempo. Conforme o tempo passa, a dor da queda também passa. As marcas, contudo, permanecem. Sempre podemos mudar as cartas do jogo, levantar e continuar caminhando. A impressão é essa mesmo de nunca termos um chão firme que nos segura - com relação às pessoas pelo menos.

No meu caso, que confio em Deus, não tenho uma corda bamba para ele, mas sim um chão bem firme e seguro, uma casa, um santuário. É Nele que encontro meu refúgio e uma companhia segura. 

Sei que Ele não me deixará cair.


Mas neste mundo ainda espero muitos tombos, porque é normal mesmo do ser humano nem sempre fazer o bem.

Não importa, de fato, o quanto podem me prejudicar. Por mais que eu caia, sempre haverá tanto meu santuário divino, quanto pessoas realizando boas ações, as quais são responsáveis por tornar essas cordas bambas a vida tal como ela é. Com todas suas emoções boas que fazem tudo valer a pena.



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